[Crítica] Stranger Things 5 - Volume 1

De volta a Hawkins para uma última arrancada

Mateus Medeiros

11/27/20253 min read

Ainda falando sobre a forma de lidar com os personagens, estava preocupado com a forma como tratariam a Onze pós-timeskip, que continua impecavelmente encarnada por Millie Bobby Brown, agora mais determinada do que nunca a dar um fim ao Vecna, mas felizmente eles souberam continuar a evolução da personagem através de uma introdução à sua dinâmica de vida durante esse período. Também não esqueceram de relacionar isso ao seu emocional, e isso é visível durante uma conversa aparentemente simples que ela tem com o Mike de Finn Wolfhard, que me pareceu uma pista da conclusão da série, mas só vendo para confirmar.

Depois de três longos anos, a espera finalmente terminou: Stranger Things 5 estreou, marcando o início do capítulo final desta aclamada saga. Com a pressão de responder a todas as perguntas e entregar o desfecho que os fãs merecem, a temporada final foi dividida em três volumes. Nós já assistimos ao primeiro volume e está na hora de soltar o verbo. Sem mais enrolações, vamos à crítica.

A primeira coisa a se destacar é a forma como os diretores da série, Matt Duffer e Ross Duffer, lidaram com o final que eles mesmos construíram para a quarta temporada. Ao invés de uma tacada imediata, os irmãos Duffer apostaram em um salto temporal de quase 2 anos do fim da temporada passada para o início desta. Esse período interino é crucial, pois permite que as questões emocionais sejam exploradas com mais profundidade. A partir disso, eles seguem um caminho que relembra a jornada do primeiro ano de Stranger Things, dando uma guinada para o mistério e reforçando a tensão gerada pela falta de respostas imediatas, ao mesmo tempo em que fragmenta a narrativa e faz apostas ousadas (e bem interessantes) que se interligam de maneira surpreendente.

Essas escolhas se refletem diretamente na forma como os cineastas trabalham o tom quase ludibriante que é apresentar novas questões a serem tratadas e, simultaneamente, retornar ao passado para justificar certas situações, principalmente as que envolvem o Will, interpretado por Noah Schnapp, que ganha mais destaque nesses primeiros episódios e força dramática para chamar de sua. Acredito que voltar a esse arco deve funcionar para, futuramente, encerrar o ciclo de alguns personagens secundários como o de sua mãe Joyce (Winona Ryder) e da Robin (Maya Hawke). Nesse ponto, a série toma cuidado para não fazer os vários temas tratados parecerem desconectados, unindo esses arcos narrativos de maneira coerente para que o público possa compreender a complexidade de cada relação. A interação entre os personagens é mais rica e os laços afetivos são mais palpáveis. O resultado é uma trama que não apenas entretém, mas que realmente toca o coração do espectador.

O antagonismo, dividido entre a real ameaça do Vecna e os agentes governamentais, agora representados pela Dra. Key, interpretada por Linda Hamilton, está quase apagando a lembrança ruim que a 2ª temporada me dá nesse aspecto, embora pareça uma repetição do que já vimos no 3º e 4º ano (é melhor repetir o que já funciona, não é verdade?).

E olha, tivemos muitas surpresas, algumas premeditadas, claro, mas ainda assim empolgantes, não quero dar spoilers aqui, mas digamos que, pelo menos para a maioria do público, vai ser motivo de comemoração. No mais, quero elogiar o final do quarto episódio, simplesmente épico e muito bem produzido, já destacando a evidente evolução técnica da série ao longo das temporadas, que se aproveita dos cenários e, principalmente, da maquiagem e efeitos práticos. Para o que se propõe, o encerramento do volume 1 foi praticamente um deleite e intriga o bastante para nos deixar animados para o próximo. Assumindo riscos, o seriado retorna as origens enquanto introduz algo maior.

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